Em um ano, o fenômeno da pedofilia na internet cresceu 16,5%. Hoje, 135 sites com pornografia infantil são criados, diariamente, e menos de 1% das crianças abusadas são identificadas para receber tratamento e a sociedade é a principal culpada pelo crescimento desse fenômeno, já que ainda se omite diante desse tipo de crime.
SILÊNCIO DOS INOCENTES A omissão dos internautas e das próprias vítimas da pedofilia na internet é o principal fator para o crescimento desenfreado desse fenômeno, seguido do excesso de tolerância que os provedores de internet apresentam para conteúdos ilegais e da ausência de legislação específica para o assunto em diversos países, inclusive no Brasil.
De acordo com o relatório da Telefono Arcobaleno, as crianças e adolescentes que passam por esse tipo de situação não denunciam seus aliciadores porque, na maioria dos casos, pessoas próximas das vítimas estão envolvidas, de alguma maneira, na situação de pedofilia. Para os abusados, é difícil denunciar alguém que costumavam amar, sobretudo diante de chantagens emocionais e ameaças de humilhação pública.
Já os adultos que, de alguma maneira, tomam conhecimento sobre esse tipo de crime, deixam de denunciar porque julgam a história terrível demais para se tornar pública, segundo a ONG italiana. O resultado: menos de 1% das crianças abusadas conseguem ser identificadas pelas autoridades para receber tratamento psicológico adequado.
QUEM SÃO ELES? O relatório publicado pela Telefono Arcobaleno também apontou o perfil das pessoas que costumam cometer esse tipo de crime na rede. A maioria dos pedófilos online, cerca de 22,3%, nasceram nos EUA. Os alemães aparecem em segundo lugar no ranking, representando 17,6% do total de pedófilos online mapeados pela ONG, e são seguidos pelos ingleses (6,5%), russos (6,1%), italianos (5%) e franceses (4,8%), o que classifica os europeus como os que mais cometem crimes de pedofilia na internet.
No entanto, surpreendentemente, os EUA não aparecem como o país com o maior número de sites com conteúdo erótico infantil, apesar da maioria dos pedófilos ser norte-americana. O ranking é liderado pela Alemanha, com mais de 19 mil sites sobre o assunto, seguido pelos Países Baixos, com 10 mil. Os EUA aparecem só em terceiro lugar, com 8 mil portais.
De acordo com a ONG italiana, isso acontece porque nem sempre os pedófilos atuam em seus países de origem. Muitos migram para outras nações, onde há legislações mais brandas para crimes de pedofilia na internet e condições de vida mais precárias. Isso porque, em países mais pobres, há mais pais dispostos a submeter seus filhos a esse tipo de crime, em troca de pouco dinheiro.
O BRASIL TAMBÉM É VÍTIMA
O ranking que mostra a nacionalidade dos pedófilos da internet colocou os brasileiros em 13º lugar, com 1,6% do total de pessoas que foram pegas cometendo esse tipo de crime em 2009. A porcentagem não é alta, o que não significa que essa prática criminosa não seja um problema no país.
Muito pelo contrário. Segundo a ONG Censura.com.br – a única entidade brasileira que combate, oficialmente, a pedofilia na internet –, os sites e comunidades em redes sociais que incentivam a pornografia infantil vem crescendo cada vez mais no nosso país. A diferença é que a maior parte desse conteúdo não é rastreado no Brasil, por falta de tecnologia e leis adequadas.
Nesse cenário, a participação da população, a partir de denúncias, é fundamental para ajudar a combater a pedofilia na internet e os demais tipos de abuso e exploração sexual infantil. Felizmente, de acordo com o DDN – Disque Denúncia Nacional, essa prática tem se tornado cada vez mais comum entre os brasileiros. Em 2009, cerca de 29 mil casos foram denunciados no DDN. Já em 2010, apenas nos quatro primeiros meses do ano, 8,7 mil denúncias já foram registradas.
Para denunciar casos de abuso ou exploração sexual contra crianças disque 100 ou registre, na Polícia Federal, qualquer tipo de crime na internet contra os direitos humanos, inclusive a pornografia infantil, clicando aqui.
Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky
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